Este blog é um resultado de um projeto de pesquisa que foi realizado no Instituto Federal Catarinense - Campus Camboriú, os resultados do mesmo estão sendo exibidos abaixo, juntamente com os sintomas causados pelas plantas e a localização das mesmas no campus.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Artigo cientifico apresentado na VI MICTI


PLANTAS ORNAMENTAIS TÓXICAS OCORRENTES NO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE – CAMPUS CAMBORIÚ


Leonardo Teston Rodriguez; Lucas André de Mello²; Mario Gasparetto³; Wilson José Morandi Filho4.


INTRODUÇÃO


Plantas ornamentais são aquelas cultivadas por sua beleza, sendo bastante utilizadas na arquitetura de interiores e no paisagismo de espaços extremos (BARROSO, 2007). Muitas dessas plantas têm potencial tóxico e quando seu principio ativo entra em contato com o organismo de homens ou de animais causam danos que se refletem na saúde e vitalidade desses seres (HARAGUCHI, 2003).
    O grau de toxicidade das plantas vai depender de alguns fatores, tais como: parte do vegetal ingerida, pois diferentes partes de uma planta em geral apresentam diferentes substâncias químicas ou diferentes concentrações da mesma; a idade da planta e o grau de amadurecimento do fruto; a taxa de sensibilização do indivíduo aos compostos do vegetal ingerido, assim como a quantidade ingerida e a maneira da ingestão (OLIVEIRA e AKISUE, 1997).
As plantas tóxicas geralmente são plantas de vasos ou plantas daninhas, e muitas vezes a pessoa acaba adquirindo uma planta muito bela com um grande caráter ornamental como é o caso da alamanda (Allamanda cathartica) sem saber que a mesma é uma planta tóxica perigosa, trazendo assim riscos para dentro de sua casa.
O principal interesse em plantas tóxicas está relacionado com o potencial de causar intoxicações em seres humanos ou em animais (SCHENKEL et al., 2002; SIMÕES et al., 2002).
No Brasil, ocorrem aproximadamente 2000 casos de intoxicação decorrentes pelo consumo de plantas por ano. Destes casos, quase 1500 ocorrem com crianças (RODRIGUES, 2009). Este consumo, diga-se de passagem, é acidental. Os acidentes mais comuns ocorrem com a planta comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia amoena) que é também uma das mais perigosas. Um exemplo claro é o levantamento pelo Centro de Informações Toxicológicas do Estado de Santa Catarina. Dentre os períodos de 1984 e 1997 foram registrados 691 casos de intoxicação por plantas tóxicas no estado de Santa Catarina.
      No Brasil, os acidentes são frequentes, pois a maior parte da população não possui um conhecimento sobre o assunto, e os que possuem é um conhecimento muito restrito.
Na região Sul do Brasil, são registrados muitos casos de intoxicação por plantas, (aproximadamente 4000), porém a região que mais possuí casos é a região Sudeste, que ultrapassa 7000 casos de intoxicação ao ano (SINTOX, 1998).
Em uma pesquisa realizada por GETTER e NUNES, 2011, na cidade de Espirito Santo do Pinhal (SP), constatou-se que mais de 50% dos entrevistados já sofreram intoxicação por plantas eram homens, e que os mesmos nunca haviam ouvido falar que as plantas eram tóxicas, dessas pessoas que tiveram intoxicação por plantas, em sua maioria foi por ingestão acidental. Esta mesma pesquisa relata o número de casos ocorridos na região sul, de acordo com a faixa etária, a que mais haviam casos era a faixa etária de 01 a 09 anos, que ao longo do ano de 2000 (dois mil) acumulou 306 (trezentos e seis) casos.
              Desta maneira, o objetivo deste estudo, foi realizar um levantamento e catalogação das principais plantas ornamentais tóxicas encontradas no IFC-Campus Camboriú.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS (materiais e métodos)

Tipo de pesquisa

Esta pesquisa encaixa-se como uma pesquisa documental, que é aquela realizada a partir de documentos, contemporânea ou retrospectiva, considerada cientificamente autêntica (SANTOS, 2000). A pesquisa foi realizada no Instituto Federal Catarinense – Campus Camboriú, e seu principal foco são os jardins do campus e as unidades didáticas. A coleta das plantas, catalogação e preservação teve inicio em maio de 2013 e com finalização prevista em fevereiro de 2014.


Instrumentos para coleta de dados

Neste trabalho, foi realizada a coleta e catalogação das plantas ornamentais tóxicas existentes no Instituto Federal Catarinense - Campus Camboriú.
Na pesquisa documental utilizou-se uma câmera digital de alta resolução, Samsung WB100, que possui 16.1 megapixels, que é necessária para se fotografar as plantas encontradas e montar o banco de dados virtual. Jornais e uma prensa confeccionada de forma artesanal estão sendo necessárias para a realização das exsicatas.


Tipo de analise de dados

Os dados da pesquisa documental são a catalogação das plantas, foram confeccionadas exsicatas, além disto, foram fotografadas para organização de um banco de dados digital, onde ficarão disponíveis para visualização da comunidade em geral .



RESULTADOS E DISCUSSÕES

Até o momento foram coletadas e catalogadas aproximadamente 15 (quinze) plantas ornamentais tóxicas que podem causar alguma intoxicação tanto ao ser humano, como também para animais domésticos e animais ruminantes. Na tabela abaixo, apresentam-se as plantas ornamentais tóxicas encontradas, contendo seu nome cientifico, nome(s) comum(s), principio ativo, parte da planta que é tóxica e efeito(s) (Tabela 1).

Tabela 1: Plantas ornamentais tóxicas ocorrentes no IFC-Campus Camboriú. Camboriú, 2013. Dados segundo livro plantas toxicas de Harri Lorenzi que foi publicado em 2011.



NOME CIENTÍFICO
NOME(s) COMUM(s)
PRINCIPIO ATIVO
INTOXICAÇÃO POR
EFEITOS
Allamanda catártica L.
Alamanda ou dedal-de-dama
Glicosídeo, Látex resinoso
Ingestão planta ou contato com látex
Náuseas, vômitos, cólicas abdominais e diarréia
 Anthurium andraeanum.
Antúrio ou flor-de-antúrio
 Oxalato de cálcio
Ingestão de qualquer parte da planta
Queimação, irritação das mucosas, náuseas e inchaço.
Duranta repens.
Pingo-de-ouro 
Esteróide.
Ingestão dos frutos
Febre, sono, dilatação da pupila, taquicardia, inchaço da boca e olhos, convulsões e gastroenterites.
 Sansevieria trifasciata var.Laurenttii

Espada-de-São-Jorge

Oxalato de cálcio

Ingestão de folhas e rizomas

Irritação na boca, obstrução da garganta, glote e dermatite.
Catharanthus roseus 
Maria-sem-vergonha 
 Ácido salicílico.
 Ingestão da planta e\ou seiva
 Desordens gastrintestinais, vermelhidão na pele e queda na pressão sanguínea.
Pteridium aquilinum
 Samambaia-do-campo ou samambaia
 Glicosídeos cianogenicos.
Ingestão (comum em ruminantes)
Febre alta, hemorragias na pele e morte.
Equisetum hyemale 
 Cavalinha

 Silício (em abundância)
Ingestão da planta
leva ao berbere que é a falta de vitamina B consequentemente a pessoa começa a perder cabelo.
 Euphorbia tirucali
Avelós ou pau-pelado
 Látex resinoso.
Contato com o látex
Eritema, vesícula, bolha, pústula com infecção secundaria, dermatite e queimação.
Ricinius Communis
Mamona
 Oxalato de cálcio
Ingestão de sementes
Náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarréia mucosa, sanguinolência, convulsões, coma e óbito.
Abrus precarius
 Jequiriti
 Abrina
Ingestão da planta
Náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreias, desidratação, convulsão e óbito.
Melia azedarach
 Cinamomo
Saponinas e alcaloides
Ingestão do fruto
Aumento da salivação, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarréia intensa e depressão do sistema nervoso. 
Oxalis sp
Trevo ou azedinha
Ácido oxálico  
Ingestão da planta
Vômitos, diarreia, dor abdominal distúrbios cardíacos e neurológicos.

Dieffenbachiaseguinte

Comigo-ninguém-pode

 Oxalato de cálcio, saponinas

Ingestão ou contato
Sensação de queimação, edemade lábios, boca e língua, dificuldade de engolir e asfixia; o contato com os olhos pode provocar irritação e lesão da córnea.
Ficus pumila
Hera
Ácido clorogenico.
Contato com a planta ou seiva
Ulceração intensa e dermatites.

  Dentre as plantas coletadas até o momento, a mais incidente tem sido a planta ornamental comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia seguinte), que de maneira geral é muito comum e abundante em todo o país. Suas características botânicas (folhas brilhosas e grandes) acabam chamando à atenção de crianças que acabam ingerindo a mesma e se intoxicando.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
             Até o momento foram coletadas 15 plantas ornamentais tóxicas no campus.  No entanto, o que pode nos indicar que o campus possuí muitas espécies tóxicas que são desconhecidas pela comunidade acadêmica. É importante a populaçãolocal ter conhecimento dessas plantas, pois as mesmas apresentam grande risco para todos, conforme descrito no trabalho. Estamos apresentando neste artigo, os dados preliminares das coletas realizadas até o momento, continuaremos realizando coletas de plantas e catalogação. Em um segundo momento, será elaborado um Blog informativo acerca do assunto, contendo as imagens das plantas e meios de intoxicação evitando assim, que possíveis acidentes ocorram.





REFERÊNCIAS


BARROSO, C.M. et al. Considerações sobre a propagação e o uso ornamental de plantas raras ou ameaçadas de extinção no rio grande do sul. Revista Brasileira de Agroecologia, v.2, n.1, p.426-429, 2007.

GETTER. Claudio, NUNES. Josué. Ocorrencia de intoxicação por plantas tóxicas no Brasil. Espirito Santo do Pinhal/ Engenharia Ambiental. vol 8, p. 079-100, jan/mar.2011.

HARAGUCHI, M. Plantas Tóxicas de Interesse na Agropecuária. Revista O Biológico, v.65, p.37-39, 2003.
LORENZI, Harri, Plantas daninhas do Brasil, 3a edição, São Paulo, Instituto Plantarum, 2000, 608p.
LORENZI. Harri. Plantas Tóxicas: Estudo de Fitotaxologia Química de Plantas Brasileiras. São Paulo. Plantarum, 2011, 256p.
OLIVEIRA, F. Fundamentos de farmacobotânica. São Paulo: Atheneu, 1997, 147 p.

SANTOS, Antonio Raimundo dos. Metodologia Científica: a construção do conhecimento. 3. ed.Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

SCHENKEL, E.P. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre: Editora da UFSC, p. 959-993.

SIMÕES, C.M.O. Farmacognosia da planta ao medicamento. Porto Alegre: Universidade UFRGS, Florianópolis: Universidade UFSC, 2002, 833 p.

SINITOX/CICT/FIOCRUZ/MS. Estatística anual de Casos e Envenenamento. Rio de Janeiro/Brasil, 1998. p.13-73

UNIVERSIDADE. São Paulo. Plantas tóxicas. São Paulo/ USP. p.1-12

VIEIRA. Janaina. Plantas tóxicas: Conhecera para previnir. Belém/ Pará/ UFPVA. 2009.

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